"Uma
das coisas mais interessantes do primeiro dia de curso foram as
pausas. No meio de todo o treinamento elas surgem: pausas em atenção.
Nelas você percebe seu corpo, sua dilatação, suas retrações e
expansões, seu peso; é possível perceber onde cada parte está e
como vai se transformando esse corpo extracotidiano.
Outra
coisa são as variações do olhar, como muda e fica mais intenso a
cada proposta sugerida! Foco; o foco aumenta e cada intenção de
olhar fica natural e não forçada.
Consegui
perceber o estado de atenção variando a cada passagem do trabalho
com os animais, cada um traz para o ator um estado específico de
atenção (e também de tensão) que é perceptível também abrindo
o olhar para os parceiros que estão em trabalho com você.
Não
posso deixar de mencionar a generosidade da Raquel, existe nessa
“coordenadora” um cuidado e carinho muito grande por cada um. Vou
citar um acontecimento que pode parecer sem sentido, mas que me
tocou: quando um aluno disse não saber se a pronúncia certa é
mímesis ou mimésis, ela (Raquel) sem a menor arrogância, que
poderia ter pela grande pesquisadora e atriz que é, colocou que pode
ser dito da forma que a pessoa quisesse - “eu falo mímesis, mas
você pode falar mimésis”. E é isso, é a mesma coisa apenas
pronunciada de maneira diferente, assim como o sotaque dos paraenses
é diferente do sotaque das pessoas que moram em São Paulo que, por
sua vez, é diferente do sotaque do povo de João Pessoa, que é
diferente do pessoal do interior do Paraná.
Nesse
primeiro dia, a Mímesis Corpórea foi o olhar para o outro, pra mim
mesma, pro espaço, pras coisas pequenas e, por que não, para as
grandes? Tenho certeza de que esse só foi o primeiro abrir de olhos
de um recém-nascido que ainda tem um vasto universo a capturar.
Barão
Geraldo, 27 de janeiro de 2014"
(texto enviado por Laís
Iracema, aluna do curso de Mímesis Corpórea, de Raquel Scotti Hirson)
Alunos do Curso de Mímesis Corpórea - 2014 (foto de Arthur Amaral) |
No comments:
Post a Comment